0

Há exatamente dez anos atrás nossa seleção mostrava para o mundo que na Grécia também se praticava o futebol, alias, o bom futebol.
Para um pais que tem pouco mais de 11 milhões de pessoas e uma fabrica de talentos que até então nunca havia funcionado, conseguimos mostrar através do futebol, que favoritismo só existe antes dos 90 minutos rolarem.
Nossa "Ethniki Omada" começou trilhando um caminho árduo até a fase de grupos da Euro. Um grupo difícil em uma eliminatória complicada. A Espanha encabeçava o grupo 6 como favorita, a Ucrânia seguia como candidata a segunda vaga do grupo e em seguida, Armênia, Irlanda do Norte e Grécia na teoria brigariam para não ficarem na ultima posição deste grupo.
Uma eliminatória que começamos de forma negativa, derrota para a poderosa Espanha por dois a zero no "Apostolos Nikolaidis" e derrota para Ucrânia em Kyiv, também pelo mesmo resultado.
A Grécia mais uma vez estaria cumprindo com mais uma campanha pífia em competições internacionais.
Tínhamos um treinador e um elenco experiente, com jogadores que atuavam em ligas mais competitivas e com idades maduras o suficiente para disputar uma competição deste nível.
Dias melhores vieram e nossa "Ethniki Omada" conseguiu se reabilitar nas eliminatórias, duas vitorias por dois a zero contra a Armênia em Atenas e contra a Irlanda do Norte em Belfast trouxeram a sensação de que podíamos chegar mais longe naquela ocasião. Classificação? Talvez fosse sonhar demais, mas poderíamos atrapalhar a poderosa Espanha.
E é o que fizemos, despachamos os espanhóis em plena "La Romareda" em Saragoça com gol de Stilianos Giannakopoulos, jogamos a Espanha para a segunda posição do grupo e nos classificamos ocupando a liderança do grupo 6. Desta forma colocamos os dois pés na fase de grupos da Euro 2004 e nos apresentamos para o mundo. Olá, somos a Grécia.
Portugal, Grécia, Rússia e Espanha, estas foram as seleções que formaram o grupo A, e logo na estréia tínhamos uma missão "quase" impossível, encarar os anfitriões de Luis Felipe Scolari.
Estréia nervosa, jogo muito faltoso e o "Estádio do Dragão" lotado para acompanhar a grande estréia portuguesa.
Demos a primeira arrancada rumo a "Odisseia Grega", vitória por dois a um e o sonho de voar alto era despertado em nosso heróis helênicos.
Novamente encontraríamos os espanhóis em nosso caminho, empate por 1 a 1 com gol de Angelos Charisteas, e que venha a Rússia para selarmos a inédita classificação. Tropeçamos contra a equipe mais fraca do grupo naquela ocasião, entramos em campo sonolentos e já sonhando com as quartas de final do segundo maior campeonato de seleções do mundo. O gol de Zisis Vryzas na segunda etapa da partida nos ajudou a tirar a Espanha da segunda posição do grupo no saldo de gols.
Classificação inédita conquistada e festa para os 11 milhões de gregos pela Grécia afora.
Encararíamos a geração Zinedine Zidane, a geração de ouro do futebol francês. Para muitos já estava de bom tamanho a classificação as quartas de final, para nós não. Angelos Charisteas não contente em aprontar contra a Espanha na primeira fase, nos deu o gol da vitória após belíssima jogada no nosso eterno capitão "Theo" Zagorakis. Festa na Grécia e encararíamos na semi final a equipe que despachou a Dinamarca, a Rep. Tcheca.
Voltaríamos ao "Estádio do Dragão" para enfrentar uma seleção muito mais forte fisicamente em relação a nossa. A Rep. Tcheca, que havia passado por cima da Dinamarca (campeã europeia de 1992), vencendo de forma fácil por 3 a 0.
Este jogo foi considerado por muitos torcedores, a partida mais difícil de nossa seleção na Euro 2004, depois de 90 minutos de pura tensão, nosso "gol de prata" veio após cobrança de escanteio de Vassilios Tsartas e desvio de Traianos Dellas para o fundo da rede Tcheca aos 14 minutos da segunda etapa da prorrogação.
Para quem se contentava com uma classificação inédita a fase de grupos da Euro, enlouquecia com a inédita disputa de título europeu contra Portugal.
Em partida dificílima Portugal tinha a sombra da derrota na fase de grupos contra os gregos, a Grécia não tinha nada a perder e o caminho trilhado até aquele momento já era motivo de orgulho para o futebol do país.
Aos 57 minutos de partida, Angelos Charisteas, consagrou a Grécia e nós colocou em um patamar inédito, nunca antes na história do futebol helênico estivemos a frente de potências europeias como França e Espanha. Um gol que não apenas nos deu a inédita conquista da Eurocopa 2004, mas colocou a seleção grega na história das grandes conquistas do futebol mundial.

Postar um comentário Blogger

 
Top