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O futebol argentino anda vendo mais brigas internas entre torcedores do mesmo clube, pela liderança das barras bravas, do que com organizadas rivais, e isso está aumentando a violência, ao invés de diminui-la. A temporada 2014 terminou com o título do San Lorenzo e com a maior carnificina registrada no esporte do país nos últimos dez anos.

Até julho, já eram sete pessoas que perderam a vida por causa do futebol, e a proibição de torcida visitante nas partidas da primeira divisão não brecou a tendência. A morte de dois torcedores do Newell’s Old Boys, no último domingo, elevou o número de falecidos a 14, três a mais que em 2010, segundo a ONG Salvemos o Futebol. São 71 em toda a década.

Ainda há mortes cujas relações com o futebol não podem ser confirmadas, como a do ex-presidente da barra brava do Colegiales, Fernando Morales López, conhecido como “El Loco Pocho”. E de Lorena Morini, 39 anos, que estava no meio de uma briga entre facções rivais do Independiente, 72 horas depois de o jogo contra o Unión de Santa Fé ser adiado porque uma emboscada estava sendo preparada no estádio.

“Desde 2003, a situação ficou mais complicada porque agora se trata de uma luta entre torcedores do mesmo clube para liderarem a barra”, explicou ao jornal La Nación o ex-juiz Mariano Bergés, que em 2004 prendeu um grupo de torcedores do Boca Juniors que contava com Rafael Di Zeo, lendário líder de La Doce.

Os líderes da principal barra brava do clube de Buenos Aires, e uma das mais violentas do país, estão na prisão, e naturalmente há conflitos internos para decidir o novo chefe, que tem muita influência não só no futebol argentino como na própria política. Não à toa, dois morreram em uma guerra em 21 de julho, dia de amistoso entre Boca Juniors e San Lorenzo, que poderia ter matado muito mais, porque foram disparados mais de 100 tiros no enfrentamento.

“Para terminar com a violência no futebol argentino necessitamos que a nação se envolva a fundo. É indispensável uma política de Estado”, opinou Bergés.

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